Assim, Emanuel?
Quase toda a gente tem conhecimento de que há três tipos de pessoas que não sabem português: (i) aqueles que pá, paciência, sabem outras coisas e a mais não são obrigados, como a D. Lurdinha (um dia explico quem é); (ii) aqueles que não sabem e têm noção disso, por isso não se expõem publicamente; (iii) aqueles que não sabem, não têm noção e, pior, o seu trabalho - para não dizer a sua profissão - assenta no uso da língua - falada ou escrita. Como quem? Os jornalistas, pois claro. Longe de mim querer entrar em polémicas, juro, se houver problemas eu apago o post e não se fala mais disso. Eu sei que eles estudam semiótica, textualidades e outras coisas assim giras, sei que não podemos fazer generalizações (alguns falam e escrevem belissimamente), sei tudo isso, mas - irra! - quem é que não sente uma cena estranha ali no dorso da língua, que se estende até ao osso hióide, ao pronunciar paralímpicos?
Resposta 1: As pessoas que dizem Jogos Límpicos.
Resposta 2: As pessoas que comem sempre uma vogal quando juntam "para" a uma palavra começada por vogal (vide título).
Resposta 3: No hablo inglés.
e depois disto talvez possam continuar a dizer – a ver vamos – Escuta, Zé Ninguém!, de Wilhelm Reich, foi editado pelo grupo Leya e isso é uma boa notícia.
P.S. Senhores-dos-blogues-Sapo, eu tenho um sonho: escrever títulos maiores do que os posts, mas, com o número de caracteres permitido, não consigo, será que o problema é meu? Obrigada.
E quem não a conseguir pronunciar – sempre são cinco sílabas e meia, é sabido que o til conta como meia sílaba pelo trabalho que dá com a cena do véu palatino e isso – fica out.
Adenda: Não temo a Alta Autoridade para a Concorrência. Apesar disto, ainda faltam 45.494 vezes para me incriminarem.
Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.
And you, my father, there on that sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
Dylan Thomas
O poema dito pelo próprio D.T. aqui.
Gosto de me sentar a observar o voo violento das aves àquela hora em que a noite começa a fazer estremecer a claridade do dia e elas lamentam todo o azul que não voaram.
Tal como a Europa, eu sou pouco autónoma em termos energéticos.
[*Dudamel]
Como a maioria das pessoas, aproveito as férias do verão para pôr em dia as leituras que se foram acumulando desde setembro do ano passado, sobretudo as mais morosas, e particularmente as dos clássicos.
Como já vi em alguns blogues, apetece-me hoje partilhar uma passagem, retirada de dois clássicos que me alvoroçaram daquela forma que só os clássicos sabem fazer, quando devassam a nossa alma e nos mostram a nossa verdade. Foi na revista i-D de setembro de 2007:
«It's exhausting being this fabulous.»; «You can only be young once. But you can always be immature.»
Pá, tudo bem, não é um Coleridge, dou de barato, mas anda lá assustadoramente perto.
[E agora alguém dizia "se anda lá perto é capaz de ser o Wordsworth...!" e seria uma piada de alto coturno que me deixaria de alma devassada como só as grandes piadas sabem fazer.]
[Ah! que saudades que eu tinha de mim mesma!]