Antes de ir de férias e ficar – segundo as minhas mais fortes e convictas, se não mesmo umbilicais e medulares, intenções – sem ver telejornais durante pelo menos umas mil e quinhentas horas em tempo psicológico, é meu dever fazer uma homenagem sentida (com a devida dobragem do corpo pela cintura, exactamente naquela linha já castigada pelos swings) aos espectaculares noticiários da RTP1, da SIC e da TVI.
Tudo ali é terreno fértil onde os rebentos dos meus elogios podem vir a ser coníferas frondosas, mas como eu tenho de ir tomar café, fico-me só por duas sequóias em crescimento: o tempo que demoram os noticiários – uma hora (ou mais) de um tempinho bem passado, suculento de informação e qualidade estética – e a fantástica arte de passarem de uns assuntos para os outros e regressarem aos primeiros, não deixando que a rotina se instale.
Antecipando-me uma fracção de segundo à vossa questão, esclareço já, todavia, que o que faz a minha baba de comoção e inveja despontar com uma brancura ululante são os deliciosos pormenores de forma e de conteúdo. Hoje, por exemplo, fiquei sabedora de que:
m)- quem tiver uma barriguinha considerável não consegue conduzir o protótipo criado pela Univ. de Aveiro (sim, e também não consegue fazer outras coisas, mas isso já vocês devem saber);
l)- foi criada uma praia para cães cuja frequência custa 5 euros por dia;
r)- o lateral direito Maxi Pereira sente-se bem nessa posição;
x)- o pequeno Moutinho está remetido ao silêncio, o que, suponho, ainda o deve diminuir mais uns centímetros em altura de gajo com g minúsculo (e, por favor, não leiam "guê", leiam "gê", porque eu sou imensamente picuinhas nessas coisas).
Também houve umas aves que feneceram e outras que apareceram doentes – em Faro; as doentes vão ser tratadas com não-sei-o-quê porque não percebi peva do que o senhor dizia, lamento.