Passara a vida a medir, a talhar, a cortar, a coser. Os fatos de três peças eram os seus preferidos, homem nenhum deveria andar sem eles, dizia, é tão natural como termos cabeça, tronco e membros. E quando dizia cabeça, meneava ligeiramente a cabeça, dizendo tronco, punha-se direito, e, ao pronunciar membros, acenava com as mãos. Achou, pois, natural que a última coisa a que tenha assistido tenha sido, na morgue, aos seus próprios talho, corte e cosedura. O fato que lhe vestiram fora feito por ele, num tecido leve, mas quente, e óptimo para a chuva. Nunca se sabe que partidas nos prega o tempo, às vezes até se acaba sem estarmos à espera, pensou mesmo antes de ouvir a tampa do caixão fechar-se sobre o seu perfeito risca de giz.