Era um homem muito religioso. Oferecia presentes e sacrifícios pessoais a diversos deuses, em troca de respostas, numa estranha hierarquia: pedia a um segundo para a eventualidade de o primeiro não o atender, a um terceiro, para suprir alguma falha do segundo, e por aí em diante. Quando esgotava todos os que conhecia e as suas preces não eram ouvidas, subia ao monte e pedia a um deus desconhecido, receando que houvesse deuses em falta. Ele procurava razões e sentidos e explicações para as coisas. Ora não se pode procurar razões e sentidos e explicações para as coisas. Se se encontra, excelente, procurar não vale. É como procurar uma moeda no chão. Conheço pelo menos cinco pessoas que encontraram dinheiro no chão e nenhuma delas estava à procura, mas todas deram conta de que o tinham encontrado.