São olhos que não querem ser lagos, como na poesia, não querem assistir a naufrágios, nem espelhar o céu. São olhos que querem, antes, ser terra castanha, onde te deites e descanses à sombra das pestanas. Sabes que elas se abrem e fecham para te refrescar e, como ponteiros, marcam os segundos da tua vida que passa.
São olhos que não querem ser lagos, como na poesia, porque não te querem perder neles, querem encontrar-te – não querem ser álcool, querem ser musa.
São olhos que querem ser o que já são.